Destino traçado
Um dos seguranças entrou
no quarto de Renam e solicitou que ele se apressasse. Rapidamente, o monge
colocou seu traje de guerra, deixando apenas de vestir o capuz, que ficou
suspenso na cintura, preso por uma fina faixa preta. Ao sair do quarto,
observou que Joshua e vários seguranças o esperavam. O monge e o bruxo foram
conduzidos à sala do trono, onde o rei os aguardava.
— Vejo que já veio
preparado, Renam. Gosto muito de pessoas dispostas — comentou o rei, naquele
tom de voz frio e cruel.
Renam o encarava com ódio
irracional. Se Karine não estivesse sendo ameaçada, saltaria sobre o rei e o
estraçalharia ali mesmo. O rei pareceu ter percebido o veneno que emanava do
olhar do jovem guerreiro, pois acrescentou:
— Terá uma excelente
oportunidade de descarregar sua fúria, rapaz. Mas não será em mim, nem neste
momento. Você descansará durante o dia e se alimentará bem. Sua missão começará
após o pôr-do-sol.
— Quero ver se a Karine
está bem — falou Renam, num tom gelado.
O rei olhou para o monge e
sorriu.
— Você não dá as ordens
aqui, meu jovem. Deixarei que veja sua garota antes de se encaminhar para a
área isolada da cidade.
— Se você machucá-la…
— Por enquanto, estará
segura. Mas não poderei dizer que continuará em segurança se você falhar em sua
missão.
— Não falharei. Com Joshua
ao meu lado, será mais fácil localizar a Armadura de Prata, pois ele é um
excelente bruxo.
O rei abriu a boca para
mostrar mais uma vez aquele odioso sorriso.
— Eu estava falando no
singular porque a missão se dará no singular.
Renam olhou do rei para
Joshua.
— Mas que diabos…
— Você irá sozinho, Renam
— comentou o bruxo, com tristeza em seus olhos. — O rei considera
desaconselhável acompanhá-lo.
Pasmo, Renam voltou a
olhar para o rei.
— Espera que eu faça tudo
sozinho? Que eu consiga realizar o que centenas de seus homens não foram
capazes e acabaram pagando com a própria vida pela tentativa?
Renam estava furioso. Em
sua opinião, o rei era sádico ao extremo. Simplesmente não media esforços — ou
vidas — para atingir seus objetivos.
— Se eu for sozinho, você
jamais terá sua Armadura de Prata.
O rei cruzou os dedos,
aproximou as mãos do rosto, sorriu com malícia e falou tranquilamente:
— Neste caso, rapaz, sua
queridinha terá uma morte lenta e muito, muito dolorosa.
— Eu vou te matar!
— Talvez, meu jovem, mas
não hoje, não agora. O seu querido amigo não o acompanhará porque é um bruxo.
Eu sempre soube disso, não é, meu bem? — perguntou o rei a Naêmia, enquanto
alisava seus cabelos. — Não posso permitir que seu amigo lance um feitiço na
armadura e traga complicações para mim, no momento de vesti-la. Não vou mandar
outro monge, pois já perdi homens demais. Se você morrer, eu não me importo. Mas
não permitirei que a segurança do castelo e do reino fique mais enfraquecida.
Portanto, você estará só. Mais alguma dúvida?
Renam fez silêncio.
— Ótimo. Então agora trate
de se alimentar e descansar. Quando chegar o momento, você será chamado e
iremos juntos à prisão do reino.
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