Aléxia e Jaíne
haviam partido na segunda-feira, pela manhã. A princesa estava sem nenhuma
companhia, mais uma vez. Mas não se sentia mais só. Na tarde do último domingo,
conhecera o monge Cristofer, um rapaz encantador. Cristofer era muito bacana,
tinha uma conversa engraçada e inteligente. E não era muito mais velho que ela,
pois tinha apenas vinte e dois anos. Ana Clara deu a entender que estaria na
praça pela tarde, no próximo domingo.
Dissera isso ao monge porque queria
muito vê-lo novamente. Mas a semana passara tão lentamente...
A princesa contava os dias de trás
para frente, ansiosa para que o domingo chegasse
logo. Iria à
praça após o almoço e esperaria por Cristofer, o habilidoso lutador que salvara
ela e suas primas daquele bando de marginais. A princesa estava muito feliz por
conhecê-lo. Gostara dele e percebera, pela maneira como o rapaz a olhara, que o
sentimento era recíproco.
Ana Clara chegou cedo à praça como
havia planejado. Passou a tarde esperando por Cristofer, mas ele não apareceu.
O que teria acontecido? A princesa imaginou, por um momento, que talvez o rapaz
não pudesse vir. Em seguida, outro pensamento lhe veio à mente: talvez ele pudesse,
mas não quisesse. Iludira-se por um desconhecido, imaginando que sua solidão
tivesse chegado ao fim. Sim, iludira-se e agora estava pagando o preço pela
ousadia de pensar que uma nova etapa estava começando em sua vida.
A garota sentiu-se deprimida. Estava
parada, no meio da praça, em
pé. Baixou a cabeça e levou as mãos ao rosto. Lágrimas
escorreram por sua face. Levou uma de suas mãos ao bolso e pegou um lenço. Mas,
mal havia limpado as lágrimas, o lenço caiu no chão. Abaixou-se para pegá-lo e,
antes que o tocasse, outra mão o pegou.
A tristeza foi imediatamente
substituída pela surpresa: Cristofer encontrava-se à sua frente, também
abaixado, segurando o lenço, olhando-a diretamente nos olhos.
- O seu lenço – falou o rapaz, com
voz gentil.
- Oh, obrigada.
A princesa levou o lenço ao rosto
novamente.
- Eu a ajudo a se levantar – disse
Cristofer, segurando a mão da garota.
Os dois ficaram em pé olhando-se fixamente.
- Por que está tão triste?
- Eu... ah... bem, deixa pra lá.
Cristofer pensou um pouco, em seguida falou:
- Tem alguma coisa que eu possa fazer por você?
- Tudo bem, eu vou lhe contar: minhas primas foram embora e eu não tenho
ninguém com quem conversar, a não ser meus pais.
- Neste caso, eu poderia lhe fazer companhia? Ao pôr-do-sol, devo partir
em direção ao templo. Mas ainda temos um pouco de tempo.
- Claro que quero sua companhia – respondeu Ana Clara, segurando o braço
direito do monge e caminhando em direção a um dos bancos da praça.
Ana Clara e Cristofer conversaram alegremente. Cada um contou um pouco de
sua vida ao outro, permitindo-se conhecer melhor. Ambos encontraram, no olhar e
no sorriso do outro, o amor pelo qual tanto haviam procurado.
- Está muito tarde. Devo retornar agora ao templo.
Ana Clara concordou, balançando levemente a cabeça.
- Mas e você? Não posso deixá-la voltar sozinha para casa. Começou a
escurecer.
- Não se preocupe comigo, Cristofer, eu não moro longe e vou por um
caminho bem movimentado.
- Tem certeza?
- Sim. Por favor, vá ao templo agora, não quero que seja castigado.
- Está bem. Verei você no próximo domingo?
- Sim – respondeu a princesa. – Estarei aqui, se não chover.
- Então até lá – falou o rapaz, abraçando-a.
O monge começou a andar. Após alguns passos, Ana Clara o chamou:
- Cristofer!
- Sim? – perguntou o rapaz, virando-se na direção da garota.
- Na próxima vez, vê se chegue mais cedo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário