domingo, 12 de fevereiro de 2017

Capítulo 3

Aléxia e Jaíne haviam partido na segunda-feira, pela manhã. A princesa estava sem nenhuma companhia, mais uma vez. Mas não se sentia mais só. Na tarde do último domingo, conhecera o monge Cristofer, um rapaz encantador. Cristofer era muito bacana, tinha uma conversa engraçada e inteligente. E não era muito mais velho que ela, pois tinha apenas vinte e dois anos. Ana Clara deu a entender que estaria na praça pela tarde, no próximo domingo.
            Dissera isso ao monge porque queria muito vê-lo novamente. Mas a semana passara tão lentamente...
            A princesa contava os dias de trás para frente, ansiosa para que o domingo chegasse
logo. Iria à praça após o almoço e esperaria por Cristofer, o habilidoso lutador que salvara ela e suas primas daquele bando de marginais. A princesa estava muito feliz por conhecê-lo. Gostara dele e percebera, pela maneira como o rapaz a olhara, que o sentimento era recíproco.
            Ana Clara chegou cedo à praça como havia planejado. Passou a tarde esperando por Cristofer, mas ele não apareceu. O que teria acontecido? A princesa imaginou, por um momento, que talvez o rapaz não pudesse vir. Em seguida, outro pensamento lhe veio à mente: talvez ele pudesse, mas não quisesse. Iludira-se por um desconhecido, imaginando que sua solidão tivesse chegado ao fim. Sim, iludira-se e agora estava pagando o preço pela ousadia de pensar que uma nova etapa estava começando em sua vida.
            A garota sentiu-se deprimida. Estava parada, no meio da praça, em pé. Baixou a cabeça e levou as mãos ao rosto. Lágrimas escorreram por sua face. Levou uma de suas mãos ao bolso e pegou um lenço. Mas, mal havia limpado as lágrimas, o lenço caiu no chão. Abaixou-se para pegá-lo e, antes que o tocasse, outra mão o pegou.
            A tristeza foi imediatamente substituída pela surpresa: Cristofer encontrava-se à sua frente, também abaixado, segurando o lenço, olhando-a diretamente nos olhos.
            - O seu lenço – falou o rapaz, com voz gentil.
            - Oh, obrigada.
            A princesa levou o lenço ao rosto novamente.
            - Eu a ajudo a se levantar – disse Cristofer, segurando a mão da garota.
Os dois ficaram em pé olhando-se fixamente.
            - Por que está tão triste?
            - Eu... ah... bem, deixa pra lá.
Cristofer pensou um pouco, em seguida falou:
- Tem alguma coisa que eu possa fazer por você?
- Tudo bem, eu vou lhe contar: minhas primas foram embora e eu não tenho ninguém com quem conversar, a não ser meus pais.
- Neste caso, eu poderia lhe fazer companhia? Ao pôr-do-sol, devo partir em direção ao templo. Mas ainda temos um pouco de tempo.
- Claro que quero sua companhia – respondeu Ana Clara, segurando o braço direito do monge e caminhando em direção a um dos bancos da praça.
Ana Clara e Cristofer conversaram alegremente. Cada um contou um pouco de sua vida ao outro, permitindo-se conhecer melhor. Ambos encontraram, no olhar e no sorriso do outro, o amor pelo qual tanto haviam procurado.
- Está muito tarde. Devo retornar agora ao templo.
Ana Clara concordou, balançando levemente a cabeça.
- Mas e você? Não posso deixá-la voltar sozinha para casa. Começou a escurecer.
- Não se preocupe comigo, Cristofer, eu não moro longe e vou por um caminho bem movimentado.
- Tem certeza?
- Sim. Por favor, vá ao templo agora, não quero que seja castigado.
- Está bem. Verei você no próximo domingo?
- Sim – respondeu a princesa. – Estarei aqui, se não chover.
- Então até lá – falou o rapaz, abraçando-a.
O monge começou a andar. Após alguns passos, Ana Clara o chamou:
- Cristofer!
- Sim? – perguntou o rapaz, virando-se na direção da garota.
- Na próxima vez, vê se chegue mais cedo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário