Cristofer estava
deitado em sua cama, deprimido. Havia se passado quatro semanas e
ele não tivera
mais contato com Ana Clara. Parecia uma eternidade. No próximo encontro
que teriam, o
rapaz conheceria os pais da moça. Esperara por ela a tarde inteira, mas a
menina não
apareceu. O que teria acontecido? Nos domingos seguintes, o monge voltara à praça,
na esperança de rever a amada. Mas ela continuava a ignorá-lo. Por que fazia
isso? O que a motivava a agir desta maneira?
O rapaz lembrou-se do primeiro
encontro com Ana Clara. Salvara a menina e suas primas de uma quadrilha e as
garotas ficaram muito agradecidas. Conversara muito com elas, contara
histórias, arrancando-lhes boas risadas. Gostou de Ana Clara à primeira vista.
A menina o olhava de forma carinhosa, exibindo um sorriso encantador. Por fim,
ela deixou claro que estaria na praça, pela tarde, no próximo domingo.
O segundo encontro quase não
aconteceu. Teve que implorar ao mestre para ser liberado. Quando o mestre
finalmente concordou em lhe dar o restante do dia de folga, a tarde estava
quase acabando. Cristofer correu pelo pátio do templo numa velocidade que
chamou a atenção de vários monges. Em vez de esperar que o portão fosse aberto,
pulou por cima dele, numa desesperada tentativa de ganhar tempo – os monges
responsáveis pelo portão o olharam, assustados. Chegou rapidamente ao caminho
que conduzia à praça, sem diminuir a velocidade.
Finalmente chegou ao local do encontro e viu Ana de costas, próxima a uma
árvore. Deu a volta na árvore para lhe fazer uma surpresa. Mas ao ficar de
frente para a garota, percebeu que um lenço estava no chão e a menina se
abaixava lentamente para pegá-lo. Tocou no lenço antes dela e o entregou,
ficando chocado ao olhar para o rosto da menina banhado em lágrimas. Ela lhe
disse que suas primas haviam ido embora e estava se sentindo muito sozinha.
Cristofer ofereceu a sua companhia e, a partir dali, iniciaram um belo namoro.
Nas semanas seguintes, o rapaz sentiu como se a vida ganhasse cor. Os
dias pareciam mágicos. Nunca fora capaz de imaginar que, em determinado momento
de sua vida, sentiria tamanha felicidade. Ao lado de Ana, tudo parecia brilhar
ao redor.
O monge tinha apenas um receio em relação à namorada: sabia que ela
morava em uma região de pessoas muito ricas e que, ao saber que ele vinha de
família humilde, poderia não querer continuar o relacionamento. Por esse
motivo, evitara levar a garota em sua casa até que tivesse certeza de que ela não
o abandonaria por ser pobre. Quando finalmente resolveu apresentá-la a seus
pais, a menina não pareceu se importar com a sua condição humilde. Mas talvez
estivesse apenas fingindo, pois nunca mais quis encontrá-lo, pensou o rapaz,
amargurado.
No dia seguinte, na praça, seria comemorado o noivado da princesa. A
praça estaria cheia de pessoas. Um evento como este concentraria uma multidão.
Cristofer queria ir ao noivado para encontrar Ana Clara. Era praticamente certo
que a garota estaria ali. O monge queria descobrir o que estava acontecendo.
Desejava muito falar com Ana. Ela sumira, sem dar explicações, e o rapaz não se
conformara. Sim, ele finalmente descobriria o que estava acontecendo...
Consolado com a ideia de que a garota estaria presente no noivado da
princesa, Cristofer finalmente dormiu.
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