domingo, 12 de fevereiro de 2017

Capítulo 8

Eram 16h. Tassiane estava comemorando o seu aniversário, feliz, porque todos os colegas de sua turma estavam presentes. Vários deles haviam trazido amigos, o que multiplicou o número de pessoas que convidara – havia quase uma centena de garotos e garotas em sua casa.
                A sala, o pátio e a garagem estavam repletos de adolescentes de todos os tipos: patys, darks, punks, visual keys e emos.
                - Caramba, parece mais um baile à fantasia – comentou Rodrigues com sua esposa na cozinha, ao pegar os pratos com o objetivo de levá-los à garagem.
                A garagem estava localizada nos fundos do pátio e estendia-se em toda a sua largura, sendo, portanto, a maior área coberta – ideal para a comemoração do aniversário da Tassiane.
                - Você é tão antiquado, querido – falou Júlia, sorrindo.
                Rodrigues trouxera para a garagem duas mesas do porão e uma escrivaninha, posicionando-as uma ao lado da outra, formando uma grande mesa retangular. Cobrira os móveis com toalhas que se projetavam até o chão.
                Na hora dos parabéns, a mesa estava repleta de comes e bebes e um bolo de três camadas, com duas velinhas formando o número quatorze.
                Tassiane assoprou as velas, sob aplausos. Os convidados serviram-se de doces, salgados e refrigerante, espalhando-se novamente pelo pátio.  
                Tassiane saiu da garagem e conversou com o maior número possível de convidados, demonstrando ser uma boa anfitriã. Em determinado momento, quando caminhava pelo pátio em direção a um grupo de pessoas, uma de suas colegas de turma, a Carol, aproximou-se:
                - Tassi, tenho que falar com você.
                Tassiane sorriu, esperando que a menina prosseguisse.
                - O gato mais disputado da escola acabou de chegar. É sério, o Cassiano está aqui, na sua casa. Veja – falou Carol, apontando na direção do garoto.
                Tassiane olhou, curiosa, na direção de Cassiano. O rapaz encontrava-se cercado por quatro garotas.
                - Ele é bem popular – comentou Tassiane.
                - Popular? Popular? As meninas caem em cima dele como piranhas.
                - Carol, você tem namorado, não tem?
                - É claro que sim. E posso lhe dizer que amo muito o meu namorado e que não o troco por ninguém.
                - Então por que essa euforia toda?
                Carol sorriu, como se soubesse de coisas incrivelmente importantes.
                - Porque, sua tonta, ele quer te conhecer!
                O queixo de Tassiane caiu. As meninas viviam falando no Cassiano. A disputa para fisgá-lo era acirrada. Algumas vezes estivera perto dele e reparara que o garoto era realmente bonito. Mas nunca se imaginou em sua companhia porque ele jamais tentara se aproximar. Mas agora Cassiano estava em sua festa. E queria conhecê-la. Tassiane observou Carol chegar perto do rapaz e falar qualquer coisa que o fizesse na mesma hora olhar em sua direção e abanar para ela, sorrindo. Tassiane retornou o cumprimento.
                De repente, o coração de Tassiane começou a bater acelerado. Carol vinha em sua direção, com Cassiano ao seu lado. Ao se aproximar, a menina fez as apresentações.
                - Cassiano, esta é Tassiane. Tassiane, Cassiano.
                - É um prazer conhecê-la, Tassiane – falou o rapaz, dando-lhe um beijo em seu rosto.
                - O prazer é meu – respondeu Tassiane, sorrindo.
                - Ah, deem-me licença, a Sabrina está me chamando – disse Carol, afastando-se para deixar os dois a sós.
                Rodrigues ficou dentro de casa, controlando o movimento. Liberava o acesso à sala e ao banheiro, mas não aos outros cômodos da casa. Júlia permanecia no pátio, mais exatamente na garagem, repondo doces, salgados e bebidas quando necessário.
                Júlia reparou que Tassiane, ao encontrar um rapaz, parara de circular entre a multidão. Ficara o restante da sua festa parada, conversando com aquele garoto. Deve ser muito amigo dela, pensou a mulher.
                Às 21h, já não havia mais nenhum convidado. Todos haviam ido embora, deixando em Rodrigues e sua família uma sensação de solidão.
                - A casa parece vazia, agora que estamos apenas nós – comentou o homem.
                - Também acho – concordou Júlia.
                - A festa estava ótima – comentou Tassiane, feliz.
                - Ficamos contentes que tenha gostado, Tassi.
                - Gostar? Eu adorei! Graças a essa festa, conheci Cassiano, o garoto mais bonito da escola.
                Júlia e Rodrigues se entreolharam, mas nada disseram.
                - Ele me convidou para sairmos. Pai, mãe, eu poderia? Já não sou mais criança, completei hoje quatorze anos!
                - Vamos fazer assim, querida: combine com ele para um dia vir aqui nos conhecer, está bom assim? – perguntou Júlia.
                - Claro, obrigada, mãe.
                Tassiane foi para o seu quarto, feliz da vida. Sonhara, em segredo, namorar Cassiano. Mas ele nunca a olhava, nunca falava com ela. Agora que esteve em sua festa, notou que ela existia. Seria o vestido que sua mãe lhe dera como presente de aniversário? A pulseira que ganhara de Alice? O colar que encontrara nos móveis do porão? Tassiane não sabia, mas não importava. O que quer que tivesse chamado a atenção de Cassiano para si, prestara-lhe um grande serviço. Não poderia estar mais radiante.
                Rodrigues e Júlia também foram cedo para o quarto. Em função da festa, a casa ficara meio bagunçada, mas deixariam a limpeza e a organização para o dia seguinte. Estavam exaustos, precisavam descansar.
                - Essa história de namoro vai ser um problema – comentou Rodrigues.
                - Querido, ela já não é mais uma criancinha de colo. Quando se cria asas é para voar, não para ficar se arrastando pelo chão.
                - Eu sei, Júlia, mas é que alguns rapazes estragam os estudos de suas namoradas. Espero que isso não aconteça com a Tassi.
                - Nós vamos conversar com ela, querido, e estabelecer algumas regras. Quando o rapaz vier nos conhecer, deixaremos claro o que podem ou não fazer.
                - É uma ótima ideia, Júlia. Que bom que você está tendo resposta para tudo.
                - Eu já venho pensando nesse assunto há algum tempo, querido. A Tassi cresceu. Talvez você não tenha percebido.
                - Mas ainda é muito nova. Fez hoje quatorze anos.
                - Quando há proibições, as pessoas costumam fazer as coisas às escondidas. Isso não seria pior ainda?
                - É claro que sim, Júlia. Apenas não gostaria de ver a Tassi, tão novinha, sofrendo desilusões amorosas.
                - É, eu também não gostaria. Mas os pais não podem proteger os filhos de tudo e de todos, o tempo todo.
                Rodrigues suspirou.
                - Querido, estamos cansados. Vamos dormir agora e falaremos mais sobre isso amanhã, tá?
                - Tudo bem – concordou Rodrigues, beijando a mulher.



                O grito foi assustador. Rodrigues e sua mulher acordaram-se sobressaltados.
                - Que droga foi essa? – perguntou o homem, acendendo o abajur.
                - Veja se Alice está bem. Eu vou ver a Tassi.
                - Tudo bem.
                Rodrigues e sua mulher saíram rapidamente do quarto. Em segundos, Júlia chegou ao quarto de Tassiane.
                A garota estava sentada na cama, as costas apoiadas na cabeceira, abraçando o travesseiro. Chorava desesperadamente.
                Júlia aproximou-se da filha e a abraçou. Alguma coisa a tinha assustado terrivelmente e era necessário acalmá-la. Ficou ali, abraçada à garota, falando palavras com a voz mais gentil possível. Mas a menina ainda tremia quando Rodrigues entrou no quarto. O homem aproximou-se da filha e perguntou com voz branda:
                - O que foi, querida? O que a assustou?
                - Ele estava ali – falou Tassiane, após alguns momentos, apontando em direção à estante.
                - Quem estava ali, amor? – perguntou Júlia.
                - Um homem. Ele estava parado, olhando para mim enquanto eu dormia.
                - Foi um pesadelo, meu bem – afirmou Rodrigues.
                - Não foi um pesadelo, pai. Foi quando acordei que o vi. Ele estava bem ali, sorrindo, como se quisesse... Eu estou com medo, mãe.
                - Tudo bem, Tassi. Seu pai precisa se levantar cedo. Pela manhã, irá trabalhar. Só poderá me ajudar a limpar a bagunça desta casa, à tarde. Mas eu posso dormir até às 11h, se eu quiser. Então, eu vou ficar aqui contigo, está bem?
                - Obrigada, mãe.



                Júlia olhou para o relógio. Eram 9h. Estava sozinha em casa, com as filhas. Tassiane e Maria Alice ainda dormiam, aparentando exaustão por causa da festa do dia anterior. A mulher tomara uma decisão. Sabia que sua família precisava de ajuda. Pegou o telefone.
                - Igreja São Luís, bom-dia.
                - Bom-dia. Meu nome é Júlia e eu gostaria de falar com o padre.
                - Um momento que eu vou transferir a ligação.
                - Obrigada.
                - Padre Vicente, bom-dia.
                - Bom-dia, padre. O meu nome é Júlia e estou precisando muito da ajuda do senhor.
                - O que posso fazer por você, senhora?
                - Padre, sei que parece loucura, mas têm acontecido coisas estranhas em minha família, desde que mudamos para esta casa.
                - Que tipo de coisas?
                - Aparições, padre. Até o meu marido, que é um homem cético, está admitindo que há alguma coisa errada com esta casa. Mas o que mais me preocupa é a minha filha mais velha, a Tassiane. Quando nos mudamos para cá, a Tassiane começou a dizer que alguma coisa estava terrivelmente errada, mas nós não acreditávamos. Agora, porém, não podemos mais ignorar.
                - Senhora Júlia, pela tarde estarei ocupado. Mas tenho a manhã livre. É conveniente para a senhora que eu esteja aí daqui a pouco, para abençoar a casa?
                - É perfeito, padre. Preciso urgentemente de ajuda.
                - Muito bem. Qual é o seu endereço?
                - Rua Teófilo Gama, 871, centro.
                - Muito bem. Às 10h estarei aí.
                - Obrigada, padre.
                Júlia sentiu-se aliviada. Achou melhor acordar Tassiane, pois talvez o padre quisesse lhe fazer algumas perguntas.
                Às 9h55min, o padre se encontrava na calçada. Júlia destravou o portão e observou o homem aproximar-se. Ele é bem jovem, tomara que consiga ajudar a minha família, pensou a mulher, ao vê-lo de perto.
                - Bom-dia, padre.
                - Bom-dia, senhora Júlia.
                - Por favor, apenas Júlia.
                - Certo.
                Júlia convidou o padre a entrar e sentar-se na sala.
                - Gostaria de tomar um café, padre? Um suco, talvez?
                - Apenas um copo d'água. Com o calor, sentimos muita sede.
                Júlia foi à cozinha e em instantes retornou.
                - Aqui está, padre.
                - Obrigado. Júlia, antes de abençoar a sua casa, eu gostaria, em primeiro lugar, de conversar com você e com todos os que viram alguma coisa.
                - O meu marido está trabalhando, mas vou chamar a Tassiane. Um momento, padre.
                Enquanto Júlia ia ao quarto de Tassiane, o padre observou a casa. Tinha que determinar exatamente o tipo de ajuda que aquelas pessoas precisavam e somente conversando com elas poderia descobrir. A casa era grande, bonita e muito bem decorada. E Júlia, à primeira vista, não parecia ser uma mulher dada a inventar histórias.
                - Bom-dia, padre.
                - Bom-dia – respondeu o padre, levantando-se. – Você deve ser a senhorita Tassiane.
                A garota sorriu. Ninguém ainda tinha lhe chamado de senhorita.
                Júlia e Tassiane sentaram-se em frente ao padre.
                - Tassiane, sua mãe disse-me que você foi a primeira pessoa a testemunhar algo estranho nesta casa. Eu gostaria que você me contasse toda a sua história, tudo o que aconteceu com você aqui, desde o momento em que chegou até o dia de hoje. Mas, por favor, espere um pouco.
                O padre fez uma pausa, retirando de uma maleta um pequeno gravador.
                - Antes que começasse, Tassiane, eu gostaria de explicar a você e sua mãe que é importante documentar tudo. Eu tenho, por exemplo, este gravador. Se vocês permitirem, eu gostaria de gravar a nossa conversa para estudos posteriores. Isso poderá ser um grande auxílio em minhas pesquisas, para saber como ajudá-las da melhor forma possível. Tudo bem?
                Júlia e Tassiane concordaram. O padre ligou o gravador.
                - Pode começar então, Tassiane.
                Tassiane contou ao padre desde o dia em que entrara na casa, pela primeira vez, até o presente momento. O padre Vicente ouvia com atenção a narrativa, sem demonstrar se acreditava ou não. Apenas parecia interessado na história.
                - Isso é tudo, padre. O que aconteceu nesta madrugada foi a última coisa que vi – finalizou Tassiane.
                - Muito bem. Agora é sua vez, Júlia. Você disse que também viu alguma coisa. É importante não omitir quaisquer detalhes.
                Júlia respirou fundo e começou:
                - Sempre achei que Tassiane estivesse inventando essas histórias. No dia em que seu pai e eu fomos ao seu quarto, por insistência dela, achei que tinha ido longe demais por causa da bagunça. Por falar em bagunça, padre, a casa não está muito organizada hoje, porque tivemos a festa de aniversário da Tassi ontem.
                - É mesmo? Quantos anos completou?
                - Quatorze.
                - Parabéns pelo seu aniversário, Tassiane.
                - Obrigada.
                - Bem, o episódio a que me refiro – prosseguiu Júlia - foi aquele em que a televisão, de acordo com a Tassi, teria ligado sozinha. Rodrigues e eu nos apavoramos ao ver todas as coisas da Tassi espalhadas pelo chão, e a televisão sobre a cama. Meu marido queria muito que conseguíssemos um psicólogo para a nossa filha e eu até cheguei a considerar, mas recusei a ideia.
                - Por que, Júlia?
                - Porque a Tassi até poderia ter espalhado suas coisas pelo chão, mas a televisão... A televisão é de 29 polegadas e, portanto, pesada demais. Não saberia dizer como a Tassi conseguiu tirá-la do lugar. E o meu marido também admitiu isso. Tanto que foi ele quem a devolveu à estante.
                “Comecei a acreditar na Tassi, mas não queria, como se diz, dar o braço a torcer. Era mais fácil atribuir suas atitudes à saudade que a minha filha tinha de seus amigos de Uruguaiana.”
                - Sua família é natural de Uruguaiana?
                - Sim.
                - E, saindo de lá, vieram direto para esta casa?
                - Não, padre. Morávamos em uma casa que havíamos alugado em Niterói. Ficamos cerca de oito meses lá. E era isso o que eu mais estranhava: se a Tassi não tinha problemas de comportamento lá, como explicar o que estava acontecendo aqui?
                “Mas era difícil acreditar no que minha filha dizia. Veja bem, nós nunca havíamos tido contato com esse tipo de coisa, era praticamente impossível aceitar a ideia de que ocorressem fatos sobrenaturais nesta casa”.
                - O que a levou mudar de opinião?
                Júlia suspirou.       
                - Se o senhor não acreditar em mim, padre, poderá confirmar a história com o meu marido.
                O padre Vicente balançou a cabeça, em sinal de concordância.
                - Tínhamos praticamente terminado de jantar quando ouvimos o interfone. Era uma menina de dezesseis, talvez dezessete anos, grávida de seis meses. Acomodamo-nos na sala e ela nos contou a sua história. De acordo com a menina, teria ela, com o marido, morado nesta casa antes de nós. Dissera-nos que agora morava com seus pais na descida da lomba, a casa que fica nesta rua, esquina com a Av. Guilherme Schell. Na hora de ir embora, começou a chover. Meu marido, preocupado com a gravidez da moça, emprestou a ela uma capa de chuva. A menina agradeceu e partiu.
                “Quase uma semana depois, fomos visitá-la, pois ela não havia mais aparecido nem para devolver a capa de chuva. Fomos recebidos por um casal de velhinhos simpáticos. Ao perguntarmos pela menina, a velhinha começou a chorar e o seu marido ficou irritado. Eles achavam que estávamos fazendo algum tipo de brincadeira cruel, pois a menina já havia falecido há muitos anos.
                “Meu marido, que sempre tira tudo a limpo, levou-me ao cemitério mais próximo. Queria provar que a garota não estava morta. Mas encontramos sua sepultura e a capa de chuva sobre ela.”
                O padre Vicente ficou pensativo. Não estava participando de um filme, aquilo era a vida real. Ou eram todos loucos ou o portal do inferno havia sido aberto naquela casa.
                - Há alguma coisa a mais que queira me contar?
                - Sim. Acabei de lembrar algo. Volto já – respondeu Júlia, indo em direção ao seu quarto.
                O padre Vicente desligou o gravador e guardou-o na maleta.
                - O senhor parece muito novo. Há quanto tempo é padre? – perguntou Tassiane, curiosa.
                O padre Vicente sorriu.
                - Formei-me em teologia há três anos. Somente no ano passado consegui um cargo na igreja. Sou padre há dez meses.
                - O senhor tem que idade?
                - Vinte e sete anos.
                - Conseguirá nos ajudar?
                - Farei tudo o que estiver ao meu alcance.
                - O senhor promete? – perguntou Tassiane, estendendo a mão.
                - Sim, eu prometo – respondeu o padre, segurando a mão da garota.
                Júlia desceu a escada e aproximou-se. O padre reparou que ela trazia um caderninho.
                - Eu encontrei isto, padre – falou Júlia, entregando-lhe o caderno.
                - O que é?
                - É a biografia de uma pessoa que viveu nesta casa há vários anos, padre. Acho que seria bom o senhor ler.
                - Muito bem, levarei o caderninho – disse o padre, guardando-o na maleta. – É hora de abençoar esta casa.
                O padre levantou-se e começou a caminhar e fazer preces, aspergindo água benta nas paredes, portas e janelas. Mas, em menos de dois minutos, sentiu-se mal.
                Enquanto andava pela casa, Júlia e Tassiane o acompanhavam. Vendo-o escorar-se na parede, ficaram preocupadas.
                - O que foi, padre? O senhor está bem? – perguntou Júlia.
                O padre olhou para Júlia e sua filha, mal distinguindo uma da outra. O mundo girava. Sua visão estava embaçada. Apenas sentiu Júlia e Tassiane conduzirem-no de volta ao sofá. Júlia falava qualquer coisa sobre lenço, mas ele não entendia.
                - Aqui está, mãe – falou Tassiane, momentos depois, colocando o lenço na mão do padre.
                - Seu nariz está sangrando, padre – falou a mulher.
                Quase sem força, o padre Vicente levou o lenço ao nariz. Segundos depois, o sangue estancara.
                Tassiane aproximou-se com um copo d'água.
                - Para o senhor, padre.
                - Obrigado.
                Momentos depois, sua visão voltara ao normal. Não se encontrava mais tonto.
                - Está melhor, padre? – perguntou a mulher.
                - Sim, obrigado. Acho melhor ir agora.
                - Claro, como o senhor quiser. Tassi e eu o acompanhamos até o portão.
                Na calçada, o padre olhou para Tassiane.
                - Você estava certa. Há algo maligno nesta casa. Mas não fique com medo. Eu lhe fiz uma promessa, lembra?
                Tassiane aproximou-se do padre e o abraçou. Despediram-se.

                Júlia e Tassiane observaram o padre descer a lomba, entrando na primeira rua à direita. A igreja ficava perto, de modo que viera e voltara a pé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário