Eram 16h. Tassiane estava comemorando o seu aniversário, feliz,
porque todos os colegas de sua turma estavam presentes. Vários deles haviam
trazido amigos, o que multiplicou o número de pessoas que convidara – havia
quase uma centena de garotos e garotas em sua casa.
A sala, o
pátio e a garagem estavam repletos de adolescentes de todos os tipos: patys,
darks, punks, visual keys e emos.
- Caramba,
parece mais um baile à fantasia – comentou Rodrigues com sua esposa na cozinha,
ao pegar os pratos com o objetivo de levá-los à garagem.
A garagem
estava localizada nos fundos do pátio e estendia-se em toda a sua largura,
sendo, portanto, a maior área coberta – ideal para a comemoração do aniversário
da Tassiane.
- Você é tão
antiquado, querido – falou Júlia, sorrindo.
Rodrigues
trouxera para a garagem duas mesas do porão e uma escrivaninha, posicionando-as
uma ao lado da outra, formando uma grande mesa retangular. Cobrira os móveis
com toalhas que se projetavam até o chão.
Na hora dos
parabéns, a mesa estava repleta de comes e bebes e um bolo de três camadas, com
duas velinhas formando o número quatorze.
Tassiane
assoprou as velas, sob aplausos. Os convidados serviram-se de doces, salgados e
refrigerante, espalhando-se novamente pelo pátio.
Tassiane saiu
da garagem e conversou com o maior número possível de convidados, demonstrando
ser uma boa anfitriã. Em determinado momento, quando caminhava pelo pátio em
direção a um grupo de pessoas, uma de suas colegas de turma, a Carol,
aproximou-se:
- Tassi,
tenho que falar com você.
Tassiane
sorriu, esperando que a menina prosseguisse.
- O gato mais
disputado da escola acabou de chegar. É sério, o Cassiano está aqui, na sua
casa. Veja – falou Carol, apontando na direção do garoto.
Tassiane
olhou, curiosa, na direção de Cassiano. O rapaz encontrava-se cercado por
quatro garotas.
- Ele é bem
popular – comentou Tassiane.
- Popular?
Popular? As meninas caem em cima dele como piranhas.
- Carol, você
tem namorado, não tem?
- É claro que
sim. E posso lhe dizer que amo muito o meu namorado e que não o troco por
ninguém.
- Então por
que essa euforia toda?
Carol sorriu,
como se soubesse de coisas incrivelmente importantes.
- Porque, sua
tonta, ele quer te conhecer!
O queixo de
Tassiane caiu. As meninas viviam falando no Cassiano. A disputa para fisgá-lo
era acirrada. Algumas vezes estivera perto dele e reparara que o garoto era
realmente bonito. Mas nunca se imaginou em sua companhia porque ele jamais
tentara se aproximar. Mas agora Cassiano estava em sua festa. E queria
conhecê-la. Tassiane observou Carol chegar perto do rapaz e falar qualquer
coisa que o fizesse na mesma hora olhar em sua direção e abanar para ela,
sorrindo. Tassiane retornou o cumprimento.
De repente, o
coração de Tassiane começou a bater acelerado. Carol vinha em sua direção, com
Cassiano ao seu lado. Ao se aproximar, a menina fez as apresentações.
- Cassiano,
esta é Tassiane. Tassiane, Cassiano.
- É um prazer
conhecê-la, Tassiane – falou o rapaz, dando-lhe um beijo em seu rosto.
- O prazer é
meu – respondeu Tassiane, sorrindo.
- Ah, deem-me
licença, a Sabrina está me chamando – disse Carol, afastando-se para deixar os
dois a sós.
Rodrigues
ficou dentro de casa, controlando o movimento. Liberava o acesso à sala e ao
banheiro, mas não aos outros cômodos da casa. Júlia permanecia no pátio, mais
exatamente na garagem, repondo doces, salgados e bebidas quando necessário.
Júlia reparou
que Tassiane, ao encontrar um rapaz, parara de circular entre a multidão.
Ficara o restante da sua festa parada, conversando com aquele garoto. Deve ser
muito amigo dela, pensou a mulher.
Às 21h, já
não havia mais nenhum convidado. Todos haviam ido embora, deixando em Rodrigues
e sua família uma sensação de solidão.
- A casa
parece vazia, agora que estamos apenas nós – comentou o homem.
- Também acho
– concordou Júlia.
- A festa
estava ótima – comentou Tassiane, feliz.
- Ficamos
contentes que tenha gostado, Tassi.
- Gostar? Eu
adorei! Graças a essa festa, conheci Cassiano, o garoto mais bonito da escola.
Júlia e
Rodrigues se entreolharam, mas nada disseram.
- Ele me
convidou para sairmos. Pai, mãe, eu poderia? Já não sou mais criança, completei
hoje quatorze anos!
- Vamos fazer
assim, querida: combine com ele para um dia vir aqui nos conhecer, está bom
assim? – perguntou Júlia.
- Claro,
obrigada, mãe.
Tassiane foi
para o seu quarto, feliz da vida. Sonhara, em segredo, namorar Cassiano. Mas
ele nunca a olhava, nunca falava com ela. Agora que esteve em sua festa, notou
que ela existia. Seria o vestido que sua mãe lhe dera como presente de
aniversário? A pulseira que ganhara de Alice? O colar que encontrara nos móveis
do porão? Tassiane não sabia, mas não importava. O que quer que tivesse chamado
a atenção de Cassiano para si, prestara-lhe um grande serviço. Não poderia
estar mais radiante.
Rodrigues e
Júlia também foram cedo para o quarto. Em função da festa, a casa ficara meio
bagunçada, mas deixariam a limpeza e a organização para o dia seguinte. Estavam
exaustos, precisavam descansar.
- Essa
história de namoro vai ser um problema – comentou Rodrigues.
- Querido,
ela já não é mais uma criancinha de colo. Quando se cria asas é para voar, não
para ficar se arrastando pelo chão.
- Eu sei,
Júlia, mas é que alguns rapazes estragam os estudos de suas namoradas. Espero
que isso não aconteça com a Tassi.
- Nós vamos
conversar com ela, querido, e estabelecer algumas regras. Quando o rapaz vier
nos conhecer, deixaremos claro o que podem ou não fazer.
- É uma ótima
ideia, Júlia. Que bom que você está tendo resposta para tudo.
- Eu já venho
pensando nesse assunto há algum tempo, querido. A Tassi cresceu. Talvez você
não tenha percebido.
- Mas ainda é
muito nova. Fez hoje quatorze anos.
- Quando há
proibições, as pessoas costumam fazer as coisas às escondidas. Isso não seria
pior ainda?
- É claro que
sim, Júlia. Apenas não gostaria de ver a Tassi, tão novinha, sofrendo
desilusões amorosas.
- É, eu
também não gostaria. Mas os pais não podem proteger os filhos de tudo e de
todos, o tempo todo.
Rodrigues suspirou.
- Querido,
estamos cansados. Vamos dormir agora e falaremos mais sobre isso amanhã, tá?
- Tudo bem –
concordou Rodrigues, beijando a mulher.
O grito foi
assustador. Rodrigues e sua mulher acordaram-se sobressaltados.
- Que droga
foi essa? – perguntou o homem, acendendo o abajur.
- Veja se Alice
está bem. Eu vou ver a Tassi.
- Tudo bem.
Rodrigues e
sua mulher saíram rapidamente do quarto. Em segundos, Júlia chegou ao quarto de
Tassiane.
A garota
estava sentada na cama, as costas apoiadas na cabeceira, abraçando o
travesseiro. Chorava desesperadamente.
Júlia
aproximou-se da filha e a abraçou. Alguma coisa a tinha assustado terrivelmente
e era necessário acalmá-la. Ficou ali, abraçada à garota, falando palavras com
a voz mais gentil possível. Mas a menina ainda tremia quando Rodrigues entrou
no quarto. O homem aproximou-se da filha e perguntou com voz branda:
- O que foi,
querida? O que a assustou?
- Ele estava
ali – falou Tassiane, após alguns momentos, apontando em direção à estante.
- Quem estava
ali, amor? – perguntou Júlia.
- Um homem.
Ele estava parado, olhando para mim enquanto eu dormia.
- Foi um
pesadelo, meu bem – afirmou Rodrigues.
- Não foi um
pesadelo, pai. Foi quando acordei que o vi. Ele estava bem ali, sorrindo, como
se quisesse... Eu estou com medo, mãe.
- Tudo bem,
Tassi. Seu pai precisa se levantar cedo. Pela manhã, irá trabalhar. Só poderá
me ajudar a limpar a bagunça desta casa, à tarde. Mas eu posso dormir até às 11h,
se eu quiser. Então, eu vou ficar aqui contigo, está bem?
- Obrigada,
mãe.
Júlia olhou
para o relógio. Eram 9h. Estava sozinha em casa, com as filhas. Tassiane e Maria
Alice ainda dormiam, aparentando exaustão por causa da festa do dia anterior. A
mulher tomara uma decisão. Sabia que sua família precisava de ajuda. Pegou o
telefone.
- Igreja São
Luís, bom-dia.
- Bom-dia.
Meu nome é Júlia e eu gostaria de falar com o padre.
- Um momento
que eu vou transferir a ligação.
- Obrigada.
- Padre
Vicente, bom-dia.
- Bom-dia,
padre. O meu nome é Júlia e estou precisando muito da ajuda do senhor.
- O que posso
fazer por você, senhora?
- Padre, sei
que parece loucura, mas têm acontecido coisas estranhas em minha família, desde
que mudamos para esta casa.
- Que tipo de
coisas?
- Aparições,
padre. Até o meu marido, que é um homem cético, está admitindo que há alguma
coisa errada com esta casa. Mas o que mais me preocupa é a minha filha mais
velha, a Tassiane. Quando nos mudamos para cá, a Tassiane começou a dizer que
alguma coisa estava terrivelmente errada, mas nós não acreditávamos. Agora,
porém, não podemos mais ignorar.
- Senhora
Júlia, pela tarde estarei ocupado. Mas tenho a manhã livre. É conveniente para
a senhora que eu esteja aí daqui a pouco, para abençoar a casa?
- É perfeito,
padre. Preciso urgentemente de ajuda.
- Muito bem.
Qual é o seu endereço?
- Rua Teófilo
Gama, 871, centro.
- Muito bem.
Às 10h estarei aí.
- Obrigada, padre.
Júlia
sentiu-se aliviada. Achou melhor acordar Tassiane, pois talvez o padre quisesse
lhe fazer algumas perguntas.
Às 9h55min, o
padre se encontrava na calçada. Júlia destravou o portão e observou o homem
aproximar-se. Ele é bem jovem, tomara que consiga ajudar a minha família,
pensou a mulher, ao vê-lo de perto.
- Bom-dia,
padre.
- Bom-dia,
senhora Júlia.
- Por favor,
apenas Júlia.
- Certo.
Júlia
convidou o padre a entrar e sentar-se na sala.
- Gostaria de
tomar um café, padre? Um suco, talvez?
- Apenas um
copo d'água. Com o
calor, sentimos muita sede.
Júlia foi à
cozinha e em instantes retornou.
- Aqui está,
padre.
- Obrigado.
Júlia, antes de abençoar a sua casa, eu gostaria, em primeiro lugar, de
conversar com você e com todos os que viram alguma coisa.
- O meu
marido está trabalhando, mas vou chamar a Tassiane. Um momento, padre.
Enquanto
Júlia ia ao quarto de Tassiane, o padre observou a casa. Tinha que determinar
exatamente o tipo de ajuda que aquelas pessoas precisavam e somente conversando
com elas poderia descobrir. A casa era grande, bonita e muito bem decorada. E
Júlia, à primeira vista, não parecia ser uma mulher dada a inventar histórias.
- Bom-dia,
padre.
- Bom-dia –
respondeu o padre, levantando-se. – Você deve ser a senhorita Tassiane.
A garota
sorriu. Ninguém ainda tinha lhe chamado de senhorita.
Júlia e
Tassiane sentaram-se em frente ao padre.
- Tassiane,
sua mãe disse-me que você foi a primeira pessoa a testemunhar algo estranho
nesta casa. Eu gostaria que você me contasse toda a sua história, tudo o que
aconteceu com você aqui, desde o momento em que chegou até o dia de hoje. Mas,
por favor, espere um pouco.
O padre fez
uma pausa, retirando de uma maleta um pequeno gravador.
- Antes que
começasse, Tassiane, eu gostaria de explicar a você e sua mãe que é importante
documentar tudo. Eu tenho, por exemplo, este gravador. Se vocês permitirem, eu
gostaria de gravar a nossa conversa para estudos posteriores. Isso poderá ser
um grande auxílio em minhas pesquisas, para saber como ajudá-las da melhor
forma possível. Tudo bem?
Júlia e
Tassiane concordaram. O padre ligou o gravador.
- Pode
começar então, Tassiane.
Tassiane
contou ao padre desde o dia em que entrara na casa, pela primeira vez, até o
presente momento. O padre Vicente ouvia com atenção a narrativa, sem demonstrar
se acreditava ou não. Apenas parecia interessado na história.
- Isso é
tudo, padre. O que aconteceu nesta madrugada foi a última coisa que vi –
finalizou Tassiane.
- Muito bem.
Agora é sua vez, Júlia. Você disse que também viu alguma coisa. É importante
não omitir quaisquer detalhes.
Júlia
respirou fundo e começou:
- Sempre
achei que Tassiane estivesse inventando essas histórias. No dia em que seu pai
e eu fomos ao seu quarto, por insistência dela, achei que tinha ido longe
demais por causa da bagunça. Por falar em bagunça, padre, a casa não está muito
organizada hoje, porque tivemos a festa de aniversário da Tassi ontem.
- É mesmo?
Quantos anos completou?
- Quatorze.
- Parabéns
pelo seu aniversário, Tassiane.
- Obrigada.
- Bem, o
episódio a que me refiro – prosseguiu Júlia - foi aquele em que a televisão, de
acordo com a Tassi, teria ligado sozinha. Rodrigues e eu nos apavoramos ao ver
todas as coisas da Tassi espalhadas pelo chão, e a televisão sobre a cama. Meu
marido queria muito que conseguíssemos um psicólogo para a nossa filha e eu até
cheguei a considerar, mas recusei a ideia.
- Por que,
Júlia?
- Porque a
Tassi até poderia ter espalhado suas coisas pelo chão, mas a televisão... A
televisão é de 29 polegadas e, portanto, pesada demais. Não saberia dizer como
a Tassi conseguiu tirá-la do lugar. E o meu marido também admitiu isso. Tanto
que foi ele quem a devolveu à estante.
“Comecei a
acreditar na Tassi, mas não queria, como se diz, dar o braço a torcer. Era mais
fácil atribuir suas atitudes à saudade que a minha filha tinha de seus amigos
de Uruguaiana.”
- Sua família
é natural de Uruguaiana?
- Sim.
- E, saindo
de lá, vieram direto para esta casa?
- Não, padre.
Morávamos em uma casa que havíamos alugado em Niterói. Ficamos cerca de oito
meses lá. E era isso o que eu mais estranhava: se a Tassi não tinha problemas
de comportamento lá, como explicar o que estava acontecendo aqui?
“Mas era
difícil acreditar no que minha filha dizia. Veja bem, nós nunca havíamos tido
contato com esse tipo de coisa, era praticamente impossível aceitar a ideia de
que ocorressem fatos sobrenaturais nesta casa”.
- O que a
levou mudar de opinião?
Júlia
suspirou.
- Se o senhor
não acreditar em mim, padre, poderá confirmar a história com o meu marido.
O padre
Vicente balançou a cabeça, em sinal de concordância.
- Tínhamos
praticamente terminado de jantar quando ouvimos o interfone. Era uma menina de
dezesseis, talvez dezessete anos, grávida de seis meses. Acomodamo-nos na sala
e ela nos contou a sua história. De acordo com a menina, teria ela, com o
marido, morado nesta casa antes de nós. Dissera-nos que agora morava com seus
pais na descida da lomba, a casa que fica nesta rua, esquina com a Av.
Guilherme Schell. Na hora de ir embora, começou a chover. Meu marido,
preocupado com a gravidez da moça, emprestou a ela uma capa de chuva. A menina
agradeceu e partiu.
“Quase uma
semana depois, fomos visitá-la, pois ela não havia mais aparecido nem para
devolver a capa de chuva. Fomos recebidos por um casal de velhinhos simpáticos.
Ao perguntarmos pela menina, a velhinha começou a chorar e o seu marido ficou
irritado. Eles achavam que estávamos fazendo algum tipo de brincadeira cruel,
pois a menina já havia falecido há muitos anos.
“Meu marido,
que sempre tira tudo a limpo, levou-me ao cemitério mais próximo. Queria provar
que a garota não estava morta. Mas encontramos sua sepultura e a capa de chuva
sobre ela.”
O padre
Vicente ficou pensativo. Não estava participando de um filme, aquilo era a vida
real. Ou eram todos loucos ou o portal do inferno havia sido aberto naquela
casa.
- Há alguma
coisa a mais que queira me contar?
- Sim. Acabei
de lembrar algo. Volto já – respondeu Júlia, indo em direção ao seu quarto.
O padre
Vicente desligou o gravador e guardou-o na maleta.
- O senhor
parece muito novo. Há quanto tempo é padre? – perguntou Tassiane, curiosa.
O padre
Vicente sorriu.
- Formei-me
em teologia há três anos. Somente no ano passado consegui um cargo na igreja.
Sou padre há dez meses.
- O senhor
tem que idade?
- Vinte e
sete anos.
- Conseguirá
nos ajudar?
- Farei tudo
o que estiver ao meu alcance.
- O senhor
promete? – perguntou Tassiane, estendendo a mão.
- Sim, eu
prometo – respondeu o padre, segurando a mão da garota.
Júlia desceu
a escada e aproximou-se. O padre reparou que ela trazia um caderninho.
- Eu
encontrei isto, padre – falou Júlia, entregando-lhe o caderno.
- O que é?
- É a
biografia de uma pessoa que viveu nesta casa há vários anos, padre. Acho que
seria bom o senhor ler.
- Muito bem,
levarei o caderninho – disse o padre, guardando-o na maleta. – É hora de
abençoar esta casa.
O padre
levantou-se e começou a caminhar e fazer preces, aspergindo água benta nas
paredes, portas e janelas. Mas, em menos de dois minutos, sentiu-se mal.
Enquanto
andava pela casa, Júlia e Tassiane o acompanhavam. Vendo-o escorar-se na
parede, ficaram preocupadas.
- O que foi,
padre? O senhor está bem? – perguntou Júlia.
O padre olhou
para Júlia e sua filha, mal distinguindo uma da outra. O mundo girava. Sua
visão estava embaçada. Apenas sentiu Júlia e Tassiane conduzirem-no de volta ao
sofá. Júlia falava qualquer coisa sobre lenço, mas ele não entendia.
- Aqui está,
mãe – falou Tassiane, momentos depois, colocando o lenço na mão do padre.
- Seu nariz
está sangrando, padre – falou a mulher.
Quase sem
força, o padre Vicente levou o lenço ao nariz. Segundos depois, o sangue
estancara.
Tassiane
aproximou-se com um copo d'água.
- Para o
senhor, padre.
- Obrigado.
Momentos
depois, sua visão voltara ao normal. Não se encontrava mais tonto.
- Está
melhor, padre? – perguntou a mulher.
- Sim,
obrigado. Acho melhor ir agora.
- Claro, como
o senhor quiser. Tassi e eu o acompanhamos até o portão.
Na calçada, o
padre olhou para Tassiane.
- Você estava
certa. Há algo maligno nesta casa. Mas não fique com medo. Eu lhe fiz uma
promessa, lembra?
Tassiane
aproximou-se do padre e o abraçou. Despediram-se.
Júlia e
Tassiane observaram o padre descer a lomba, entrando na primeira rua à direita.
A igreja ficava perto, de modo que viera e voltara a pé.
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